Este texto faz parte de uma sequência de artigos que estaremos postando aqui, falando sobre a trajetória do agro brasileiro.
Até a metade do século XX, as regiões rurais no Brasil caracterizaram-se por ciclos de produção de mercadorias destinadas à exportação, destacando-se a cana-de-açúcar, o ouro, a borracha e, em especial, o café, este último já em meados do século XIX. Quanto aos produtos de consumo interno, eles passaram a ser ofertados gradualmente a partir da formação das aglomerações urbanas e, usualmente, decorreram de atividades agrícolas em estabelecimentos de menor porte. As exportações geravam divisas para as importações, principalmente de produtos industrializados, ao mesmo tempo que sustentavam a necessidade de bens de capital e matérias-primas para a industrialização que se acelerou nos anos 1930.
Em 1950, o Brasil era ainda uma sociedade rural, onde 63,8% do total da população vivia no campo. Vinte anos depois, essa proporção havia caído para 44%, pois, entre as décadas de 1950 e 1970, o Brasil observou as maiores migrações rural-urbanas de sua história. No último censo demográfico de 2010, a participação da população rural representava apenas 15,7% do total, e estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística para 2021 indicam que esse percentual reduziu-se para 12,2%.
Um novo ciclo expansivo da economia iniciou-se no final da década de 1960, com a decisão governamental de acelerar e diversificar fortemente o processo de industrialização, utilizando o favorável contexto de liquidez nos mercados financeiros internacionais. Foram decisões que produziram elevadas taxas de crescimento do produto nacional entre 1970 e 1980. A demanda de trabalho cresceu intensamente, estimulando um rápido e forte movimento de migrações rural-urbanas. Ao mesmo tempo, o governo decidiu instituir um conjunto de ações e políticas destinadas à modernização da economia agropecuária do País.
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